Ensaios Imagéticos
A seção Ensaios Imagéticos nos possibilita entrar em contato com o modo como ilustradores e artistas visuais constroem seu pensamento. A proposta é que elaborem um ensaio, falando de sua obra, das inquietações, do processo criativo ou de algo que os mova, usando apenas – ou quase somente – imagens.
Estamos habituados à imagem acompanhada de decifração ou, ao menos, de uma dica, um título, um breve texto. A imagem sem legenda nos assusta, aquilo que não compreendemos de imediato nos desestabiliza.
No entanto, permanecer com a dúvida, com possibilidades ainda desconhecidas e potencialmente surpreendentes, é também estar só consigo mesmo – sem texto de apoio.
Ao deixar-se ficar mais tempo com as imagens, as pessoas ativam conhecimentos e conteúdos que as auxiliam a compor uma trama visual: o que elas significam isoladas e como se transformam, ao lado, em cima, embaixo, depois, antes de outra imagem, na composição de uma sequência. A imagem, que antecede a compreensão, a elaboração intelectual ou verbal, nos permite construir significados a partir de seu sentido relacional, independente de qualquer inscrição.
Talvez o leitor se sinta num labirinto ou em meio a um difícil quebra-cabeça, mas tudo o que precisa é olhar e experimentar uma outra forma de apreensão. E, vagando pelas imagens, entender os desenhos que traçam, por proximidade, analogias e antagonismos, sempre deixando-se levar por elas, observando e recebendo seus caminhos.
A imagem silente talvez seja a mais eloquente. Os leitores colecionam, acumulam ou juntam significados possíveis das figuras – e da ausência delas –, decorrentes de suas mais distintas experiências. Desancoradas, oferecem derivas; porém, encadeadas, na disposição que configuram numa sequência proposta, ganham outros significados, numa trama tecida a partir daqueles do autor e do leitor, em um diálogo constante.
Confira abaixo os ensaios imagéticos publicados pelo Lugar de Ler.