Ana Paula Campos
Inventório: leitura e análise de livros informativos para crianças
Ana Paula Campos sempre se encantou com o mundo das artes visuais: ela já quis ser fotógrafa, cenógrafa, ilustradora e artista plástica.
Mas se dependesse da sua primeira faculdade, hoje ela seria publicitária. “Sempre foi difícil entender qual era o meu caminho. E ainda é, mas hoje entendo que a minha formação vai se formando continuamente”, diz.
Enquanto fazia graduação em Publicidade e Propaganda na ECA-USP, suas dúvidas e inquietações acabaram levando-a para outros desafios: se inscreveu em cursos nas áreas de cinema, teatro, arquitetura. Também frequentou muitos cursos paralelos, oficinas culturais, cursos curtos, cursos longos. “No meio do caminho comecei uma segunda faculdade, Artes Plásticas, também na ECA”, conta.
Mas talvez seu percurso tenha começado a ficar mais claro quando passou a trabalhar. Seu primeiro emprego foi em design e ilustração no Gaiola Estúdio, onde criava jogos, animações e material lúdico para treinamento em grandes empresas. Depois, fez parte de um coletivo de intervenção urbana e performance, o PIU (Pequenas Intervenções Urbanas), formado por nove mulheres.
E enquanto fazia uma especialização em design no Centro Universitário Maria Antônia, uma colega a chamou para fazer parte da equipe da revista de divulgação científica Pesquisa Fapesp. “Na época, eu era assistente dos designers Daniel Trench e Celso Longo, trabalhava em projetos incríveis (revista Serrote, livros de arte, museus), mas queria ter um tempo para me dedicar a projetos pessoais”, diz.
Lá -- onde continua até hoje -- descobriu um universo novo, o da ciência, que a cativou tanto quanto o mundo da arte. “Me dei conta de que esses dois universos não eram tão distantes assim. Ficava me perguntando: por que não conhecia tudo isso? Os designers sabem que aí tem um mundo a explorar? Cadê os projetos mais legais, interessantes e bonitos de ciência e divulgação científica? E para as crianças?”.
Para chegar no mundo dos livros informativos para crianças faltava pouco: Ana Paula reforçou o encantamento pelas crianças, pela educação e pelo lúdico que sentia desde pequena, em sua casa, quando acompanhava o trabalho da mãe professora de primeiro ano, e tentou juntar todos os seus interesses: “Fui catando e botando tudo pra dentro, principalmente na época em que eu estava fazendo meu mestrado em Design e Arquitetura na FAU-USP. Fiz um esforço enorme para juntar, depois tive que filtrar para chegar numa coisa só. Foi uma equação de muitos fatores que deu nos livros informativos. Mas, resumindo, tentei unir um pouco de design, arte, ciência, educação, cidade e infância na minha pesquisa.
Durante o mestrado, Ana Paula começou a trabalhar também em projetos para crianças, um desejo antigo: primeiro foi o Garatujas Fantásticas, logo veio o convite para se juntar à equipe de criação de O Mundo de Bartô, o que anos depois a levou a ser sócia do Estúdio Voador, onde se delicia em uma série de outros projetos autorais.
No curso Inventório - leitura e análise de livros informativos para crianças, que Ana Paula dá no Lugar de Ler, conta sobre esse vasto mundo para crianças, onde transita curiosa e sempre de olhos muito atentos. “Além do curso tenho muitos planos. Quero fazer livros de não-ficção, escrever, ilustrar, projetar, editar, não necessariamente nessa ordem ou no mesmo livro, mas passando um pouco por todos os lados do processo. Vou sonhando com os conteúdos e as parcerias (tem tanta gente legal com quem gostaria de trabalhar). Aprender mais e mais e deixar essa vontade transparecer e contagiar quem lê. Porque essa coisica chamada pensamento (que pode ser com o cérebro e com o corpo todo) é uma ferramenta que a gente inventou e que pode ser uma enorme fonte de prazer e alegria (ou angústia e ansiedade, porque nada é perfeito) pra contar e mostrar para as crianças e quem mais quiser”, diz.